A actual alta dos preços das matérias-primas agrícolas nem é inédita nem é a única causa para a subida do custo dos alimentos. E os biombustíveis são apenas mais um factor nesta conjuntura, defende Abdolreza Abbassian, economista da FAO. Mas esta escalada promete continuar nos próximos tempos
Nos anos 70 e 90, o mundo assistiu a um aumento semelhante ao actual dos preços das culturas agrícolas, diz o responsável pelo Grupo de Cereais da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla inglesa), Abdolreza Abbassian. Este responsável, de nacionalidade iraniana, e que trabalhou na OCDE (entre 1983 e 85) e no FMI (entre 1987 e 90) antes de chegar à FAO há 18 anos, fala em pânico dos mercados, referindo que as explicações para a situação têm tanto de económicas como de psicológicas.
O certo é que 2007 foi um ano de curvas ascendentes. O preço do trigo, passou de 200 dólares em Maio para 400 em Setembro, o dobro da média dos últimos 25 anos. O milho acabou o ano a situar-se 50 por cento acima da média em 2006. O mesmo, com maior ou menor intensidade, aconteceu com os outros cereais.
Más colheitas devido a razões meteorológicas, baixos “stocks” e uma procura crescente explicam em parte este problema. Que acabou por se reflectir nos preços da alimentação, apesar da produção ter aumentado.
Um importante dado desta equação está na China e na Índia, onde parte da população começou a viver mais desafogadamente, permitindo-se luxos antes longínquos como a carne. Este consumo crescente e agora mais alargado, que também ocorre em outros países em desenvolvimento, exige cada vez mais a produção de rações animais, feitas à base de cereais.
Ana Fernandes
Público.pt
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