Jaime Silva demite Director-geral de Florestas por falta de confiança política

Ministro da Agricultura alega falta de confiança política em Francisco Castro Rego. Decisão era iminente desde a derrapagem nos custos do plano contra o nemátodo do pinheiro

O director-geral dos Recursos Florestais, Francisco Castro Rego, foi ontem demitido por falta de confiança política, anunciou o ministro da Agricultura, Jaime Silva. O responsável não adiantou ainda quem o irá substituir no cargo. "Não correspondeu àquilo que queríamos para imprimir uma nova dinâmica num sector tão importante como a floresta", acrescentou o governante, pelo que esta decisão "é um acto de gestão normal".

O PÚBLICO sabe que esta decisão estava iminente, sobretudo desde que foi conhecido que os números de árvores a erradicar para combater o nemátodo do pinheiro tinham sido superiores ao previsto, o que fez derrapar as contas. A gota de água terá sido o processo de mudança de instalações, que originou versões contraditórias entre o ministro e Francisco Castro Rego.

Como o PÚBLICO noticiou ontem, a Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF) tinha planeado mudar para um edifício que já tinha sido vendido. Segundo o director-geral, o ministro terá dado instruções para que se estudasse uma mudança de sede, já que a actual, na Avenida de João Crisóstomo, se encontra degradada, equacionando-se a hipótese de se ocupar um prédio na Defensores de Chaves, também em Lisboa, que pertencia ao ministério e que se encontrava vazio. A DGRF começou a preparar o processo, tentando negociar hipóteses de a transferência se fazer sem custos. Só que, em Setembro, foi confrontada com a notícia que o prédio tinha sido vendido porque, segundo palavras de Castro Rego, "ninguém se lembrou de o retirar da lista" do património a ser alienado. Isto implicaria um aumento de renda face ao que actualmente paga, mas, mesmo assim, a direcção-geral avançou, convencida que iria conseguir negociar o valor contrapondo com as obras de beneficiações que iriam ser feitas. Estas poderiam eventualmente vir a ser pagas pelo Montepio, proprietário do prédio da João Crisóstomo, como contrapartida pela sua retoma. As negociações não estavam concluídas.

Idálio Revez, Ana Fernandes

Publico.pt

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